Nós utilizamos energia diariamente para a maior parte das ações cotidianas, o que é um fator determinante do modo de vida moderno. Mas você já se perguntou o quanto esse uso vai crescer no futuro, quais são os custos para manter este consumo de energia elétrica e o que podemos fazer para tornar esse crescimento mais eficiente?
O quanto de energia usamos?
Ao carregar seu celular, acender uma lâmpada ou usar um elevador, você está participando ativamente junto com milhares de pessoas no grid energético. Mas quanta energia gastamos com essas ações?
Essa quantidade está, de fato, mudando muito rápido e, para poder compreender realmente a magnitude desse número, temos que entender o quanto de energia precisaremos no futuro.
Mas antes de tudo, vamos entender como se mede energia. O joule é a unidade tradicional para se medir energia, mas usamos o watt, que nos diz o quanto de energia (joule) é necessário por segundo para abastecer algo, para as medições de potência. E de forma mais usual usamos o quilowatt-hora (kWh), que é igual a 1000 watts de energia fornecidos ou consumidos em uma hora.
Segundo o estudo de plano climático para utilização de energia feito em 2017 por W. Wayt Gibbs, no final da década passada passaríamos a usar trilhões de watts-hora de energia. É interessante notar que em 2020 sozinho, para abastecer todas as nossas necessidades, utilizamos 3 trilhões de watts-hora de energia, um número que tem previsões de aumentar em até 3 vezes nos próximos 30 anos.
Esses resultados diferem quando estamos tratando de energia exclusivamente elétrica, que é a modalidade fornecida para as residências e indústrias. Nesse caso, segundo o estudo feito pela International Energy Agency, a quantidade de energia gerada foi de 300 Terawatts-hora no último ano.
Para melhor compreender a imensidão desse número, podemos compará-lo com a quantidade de energia liberada na detonação da bomba atômica de Hiroshima, e chegaremos à conclusão de que produzimos 17.200 vezes mais energia elétrica em um ano do que o que foi dispersado pela explosão.
A questão no Brasil é ainda mais impressionante. Aqui, o consumo de energia deve crescer mais de 2% ao ano até 2040, segundo estimativa feita pelo Grupo BP. Esse crescimento, acima da média global, se deve principalmente ao aumento da demanda de eletricidade pelo setor industrial, expansão dos centros urbanos, e a mudança dos hábitos dos consumidores residenciais.
Por que o nosso consumo de energia está aumentando?
A mudança na situação econômica da população mundial é o principal fator que agrega ao aumento da quantidade de energia usada pelo ser humano. Desde 1990, 1,1 bilhão de pessoas saíram da linha de extrema pobreza e conseguiram, portanto, se juntar ao grid de energia mundial, participando ativamente da vida urbana.
O grid de energia mundialse refere à junção de todas as redes de abastecimento energético existentes. Compreende as redes locais (como as de cidades e bairros), e também as grandes áreas de fornecimento que ocorrem nacionalmente.
É interessante notar que durante a pandemia houve um aumento acentuado da utilização de equipamentos elétricos nas residências. Ao passarem mais tempo em casa, as pessoas focaram em trabalhar por meio virtuais, consumiram mais conteúdo pela televisão e internet, e ao todo, utilizaram mais seus eletrodomésticos.
Por esse motivo, foi registrado um aumento de consumo elétrico residencial de 5,5% no ano de 2020. Além disso, com o aumento da renda média de uma vasta população, milhares de pessoas agora podem comprar equipamentos elétricos, viajar mais, possuir mais carros e de modo geral produzir e utilizar mais energia.
É importante compreender que países desenvolvidos e industrializados como os Estados Unidos e países muito populosos como a China, por exemplo, consomem mais energia do que países como o Brasil. Se todos vivessem como um americano médio, seriam necessários 5 planetas para abastecer nossa necessidade energética, muito diferente dos 2 planetas necessários caso todos vivessem como os brasileiros.
O quanto gastamos para produzir tanta energia?
Produzir toda essa quantidade de energia demanda espaço, matéria prima, mão de obra e capital aplicado. Todos esses recursos têm de ser manejados e disponibilizados de forma inteligente, principalmente para formar uma rede de abastecimento, tanto segura quanto sustentável, e que possa suprir as necessidades de uma população em constante crescimento.
Diferentes formas de produzir energia têm aplicabilidades diferentes e possuem vantagens e desvantagens. Um fator interessante de se observar é a área utilizada. Para abastecer o mundo inteiro com energia solar, por exemplo, seria preciso uma área de 95.000 quilômetros quadrados, muito maior do que os 4.000 quilômetros quadrados que seriam necessários utilizando energia nuclear.
Outros fatores que vêm sendo estudados como formas de diversificar a produção energética é a geração local a partir de fontes sustentáveis. Nesse quesito, aborda-se a produção de energia fotovoltaica nas residências e indústrias com o intuito de formar uma flexibilização para o consumidor, e favorecer drasticamente a estrutura de fornecimento.
Ao analisar o preço de geração energética, percebemos que a energia solar está se tornando cada vez mais barata para produzir em locais de pequeno e médio porte. Enquanto outras formas tradicionais, como carvão e petróleo, estão aumentando seus preços.
Deve-se levar em conta os materiais necessários para construir e manter operando as usinas de abastecimento e os impactos negativos que elas podem trazer para o meio ambiente, para perceber assim, que gastamos em energia não apenas dinheiro e matéria prima, mas também qualidade de vida.
Quais são as consequências para você?
O aumento da demanda de energia como um todo no mundo vai causar diversos efeitos na vida cotidiana. O aumento da emissão de carbono é um dos fatores mais preocupantes na visão do estudo elaborado pelo Paul Scherrer Institut, o que afeta diretamente a saúde pública e o equilíbrio ambiental, principalmente nos grandes centros urbanos.
Em áreas com grandes concentrações populacionais, o preço pago pela energia é determinado principalmente pela oferta e demanda do recurso. Portanto, o elevado uso energético é responsável por causar uma redução na oferta de energia, aumentando assim seu custo. Ao passar do tempo, o preço da conta de luz tem uma tendência de subir.
É importante considerar os custos adicionais de como o aumento expressivo de gasto de energia encarece outros produtos. Para gerar mais energia, desloca-se mais recursos (terras, matéria prima, mão de obra) para usinas, mineradoras, sistemas de abastecimento, o que em larga escala pode afetar diretamente o preço de uma infinidade de outros serviços.
Como se adequar com o consumo de energia no futuro?
Se adequar com as próximas demandas e com os novos sistemas de abastecimento é o principal desafio para garantir um consumo eficiente da energia. Utilizar um sistema inteligente para a distribuição geral nas residências e indústrias é de extrema importância para permitir uma flexibilidade no uso de energia.
Fatores determinantes para garantir um consumo eficiente e sustentável:
- O uso de painéis fotovoltaicos;
- Diagnosticar e se adequar ao consumo local;
- Utilizar equipamentos modernos e eficientes;
- Manter as instalações elétricas atualizadas.
O Brasil é um dos países com maior potencial de geração de energia fotovoltaica no mundo. Essa capacidade juntamente com o crescimento da demanda de energias limpas faz com que a geração elétrica fotovoltaica seja um dos pilares para a redução da conta de energia.
Além disso, garantir a automação dos ambientes privados e públicos é de extrema importância para assegurar a economia de recursos. Projetos que viabilizam a automação de sistemas de iluminação, resfriamento, aquecimento, supervisionamento e segurança são essenciais para tornar o grid energético eficiente.
Também é importante buscar o diagnóstico do consumo energético das instalações e a análise dos resultados, para assim, formar uma nova rotina de utilização dos equipamentos elétricos. Dessa forma, é obtida uma visão geral dos gastos, que auxiliam a garantir a tarifação mais adequada ao local e focar em novas estratégias de consumo. As mudanças que podem ser feitas são importantes tanto na escala coletiva, quanto na individual para se adequar ao consumo eficiente. Esses passos devem ser tomados para formar assim, uma rede energética moderna e inteligente.